Trabalhar por Projectos em Educação

January 15, 2018 | Author: Anonymous | Category: Educação
Share Embed


Short Description

Download Trabalhar por Projectos em Educação...

Description

Trabalhar por Projectos em Educação (Adaptado de Luiza Cortesão, Carlinda Leite, José Augusto Pacheco)

Diferentes públicos, diferentes reacções face à escola.  A forma como se é implicado na azáfama do começo do ano lectivo varia muito,

consoante o modo como cada um se relaciona com o início do ano escolar.  “colaboradores”  “parceiros”  Pais “hostis”.  “Será a ida à escola uma perda de tempo?”  “Para que serve lá ir e o que é que lá se aprende?”  “Menos uns braços… eu com a idade dele já trabalhava, ajudava os meus pais.”

 “Se não fosse esta coisa de rendimento mínimo…”  Muito do que se encontram na escola é-lhes estranho: estranhas as actividades e

as regras, estranhas exigências e formas de estimular, estranhos os interditos.

 Bernstein (1986) – problema da

“recontextualização”.  Esforço de adaptação dos alunos às regras e

exigências das instituições.

 Bourdieu e Passeron (1970) – exercício da

“violência simbólica”.  Imposição de valores e comportamentos que

nem sempre coincidem com as regras dos meios onde foram socializados.

 Heterogeneidade discente.  A escola começa a sentir-se impotente para

resolver os problemas com que se depara.

 CRISE SOCIAL IMPORTADA (Formosinho,

1992)

 Visão, Missão, Valores de uma Organização.  Gestão estratégica  Gestão da mudança  Aprendizagem organizacional

Projecto: uma via possível  (…) torna-se evidente a necessidade de

ocorrerem na escola mudanças significativas.  Poderá a introdução de uma área de

projecto contribuir para que algumas dessas mudanças significativas aconteçam?  2 vias: Inovadora / Conservadora

 1.ª Via:  Tentar outras formas de pensar o currículo.  Experimentar outras formas de trabalho.  Adequar as técnicas às actuais populações escolares.

 2.ª Via:  Continuar a ensinar conteúdos que se sabe serem

importantes.  Aumentar o nível de exigência.  Diminuir o clima de permissividade, de balbúrdia.  Eliminar os que perturbam o clima de trabalho. “o projecto é mais outra ideia”; “mais uma modernice”; “uma brincadeira”

Um debate sobre as questões do recurso.  Caracterização das personagens:  Prof. A – evidencia uma grande necessidade de ser esclarecido.  Prof. B – critica fortemente esta proposta (o projecto).

 Prof. C – reconhece as dificuldades, mas está entusiasmado em implementar a

proposta.

 Prof. D – encontra-se muito dividido.  Aluno – preferiria não embarcar mais nesta proposta que não crê poder ser

realizável nas actuais condições sociopolíticas.

 Encarregado de Educação – evidencia uma posição muito crítica face a esta

proposta de reorganização curricular.

Análise e interpretação do debate 1. “Antes de falarmos de projecto, é preciso sabermos do que estamos a falar.” O que é um projecto? 2. “Porquê, agora, esta ideia de projecto em educação?” 3. “O que têm a ver estas áreas de projecto com o Projecto Educativo de escola?”

4. “O que traz de novo aos alunos a realização de projectos?” 5. “Como desenvolver um projecto?” 6. “Não irá o projecto prejudicar a aquisição de conteúdos?” 7. (…) 8. “Eu creio, firmemente, que decidir que um projecto tem de ser avaliado é ‘matá-lo’.” 9. (…) 10. (…)

1. “Antes de falarmos de projecto, é preciso sabermos do que estamos a falar.” O que é um projecto?  Projecto é:  Termo ambíguo e polissémico.  Plano de acção.  Intenção.  Desígnio.  Intento.

 Programa.  Projéctil.  Roteiro.  Esboço.

 “Projecto de vida”; “projecto de viagem”; “projecto de acção”; “projecto de orçamentos”;

etc.  “Projecto Educativo de Escola”; “Projecto Curricular de Escola e de Turma”; “Área de

Projecto”; “Metodologia de Projecto”; etc.

 O conceito de Projecto está associado:  A concepções de formação e educação que não se coadunam com a

uniformização e que não se esgotam na instrução e acumulação de conhecimentos.  Ao reconhecimento da importância do envolvimento dos alunos e

professores nos processos de construção de saberes significativos e funcionais.  Ao reconhecimento de que a qualidade do ensino e a capacidade de

corresponder aos problemas do dia-a-dia passa pelo envolvimento das escolas e dos seus agentes.

“Mudar a atitude face à escola.”

 Um projecto é um estudo em profundidade, um plano de acção sobre

uma situação, sobre um problema ou um tema.

 Tempo de duração; negociar objectivos; elaborar o plano; definir

modos de acção e de pesquisa; construir instrumentos de recolha de dados; inventariar recursos; calendarizar acções; recolher e analisar os dados; reflectir sobre os percursos do projecto e os efeitos por ele gerados; organizar a informação e divulgá-la.

 Apesar da polissemia, aqui ficam algumas definições de

projecto:  “é um ideal muito querido, a concretizar através de um trabalho

de grupo (…)”  “é uma tarefa definida e realizada em grupo (…)”  “é a estruturação e concretização de uma ideia e/ou

interligação de ideias (…)”

 Há que agir… passar do plano à acção!!!  Roegiers (1997): Projecto agido – o projecto não é apenas

intenção, nem apenas plano, nem apenas acção e produto, mas sim o conjunto de todas as dimensões.  Projecto agido = projecto projectado + projecto-processo +

projecto-produto

 Projecto agido = projecto projectado + projecto-processo +

projecto-produto

 Projecto projectado = projecto visado + projecto plano

Um projecto pressupõem a clarificação das intenções que o orientam e que o justificam.

Um projecto pressupõem a concepção do plano que o organiza.

 Projecto-processo – a acção que o irá concretizar.  Projecto-produto – que permite produzir efeitos.

 Para Escudero Muñoz (1988) um projecto deve definir claramente os

perfis de mudança desejados e desenvolver-se por forma a caminhar nessa direcção.  Para Broch e Cros (1991) num projecto há uma dose de utopia e uma dose de

organização.  O projecto está na charneira entre o desejo de se lançar na aventura e a

própria realização da aventura, entre o querer e o fazer.  A ligação entre o sentido (a intenção) e a acção (a organização) não é fácil

mas é preciso ser-se capaz de inspiração e de acção. 

A recusa das acções (da organização) conduz apenas à utopia e a focagem exclusiva na organização ameaça a própria acção pela perda de sentido.

2. “Porquê, agora, esta ideia de projecto em educação?”  “mal-estar” no sistema educativo.

Problemas do SEP; as Escolas e os professores

Problemas da Sociedade: conflitos e problemas do contexto económico global

 “bodes expiatórios”  Há que entender quais os problemas reais no quotidiano da escola.  Algumas reflexões:

 Os jovens sempre foram irreverentes; em choque com gerações

anteriores.

 Conteúdos curriculares de relevância discutível.

 “Educação Bancária” (Paulo Freire).  Industrialização & modernização da sociedade  aumento da

escolarização.

 Escola homogénea torna-se disfuncional.  Tentações do meio exterior à escola.

 Que fazer?  Eliminar os que perturbam?  Ou tentar introduzir mudanças no processo de ensino-aprendizagem?

Trabalho por Projectos

 Não se trata de magia!!!  É preciso que vá ao encontro dos interesses dos alunos.

 É preciso que mobilize diversos conteúdos disciplinares.  É preciso implicação no processo; envolvimento, cooperação!

3. “O que têm a ver estas áreas de projecto com o Projecto Educativo de escola?”  Projecto Educativo de Escola:  União dos diferentes actores educativos (interno ou

externos à escola).  Projecto significativo cuja missão é a melhoria da escola.  Na origem do PEE está a aceitação que todos se implicam

no processo. Está em causa o desenvolvimento do sentido de pertença à instituição escolar.

 Políticas educativas de descentralização.  Processos de autonomia da escola.  Área de Projecto  contributo para o reforço da identidade de cada

escola.  O Projecto implica  trabalho cooperativo & interdisciplinar.  Contexto de autonomia curricular pressupõe:  Leitura da própria realidade.

 Identificação de problemas e necessidades.  Reconhecimento da utilidade dos projectos e planos de acção.

 Para além da existência de um projecto educativo como

símbolo máximo da autonomia da escola e dos projectos curriculares de escola, a Área de Projecto surge como um vector de integração curricular.

 A Área de Projecto é:  Um espaço de debate (1) centrado no aluno, (2) nos

processos colegiais de decisão dos professores e nas (3) parcerias com a comunidade educativa.  Um processo que envolve os alunos na: concepção,

realização e avaliação do projecto.  Uma área privilegiada de construção e vivência da

interdisciplinaridade.

Área de projecto: Visa a concepção, realização e avaliação de projectos, através da articulação de saberes de diversas áreas curriculares, em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção, de acordo com as necessidades e os interesses dos alunos. Organização Curricular e Programas Ensino Básico - 1.º Ciclo. Departamento da Educação Básica. ME

4. “O que traz de novo aos alunos a realização de projectos?”  Um projecto constitui um espaço e um tempo privilegiado

para que os alunos possam relacionar-se com o conhecimento através de realizações concretas.  É um espaço em que os alunos e os professores criam

oportunidades para que a escola esteja no centro do conhecimento e da reflexão sobre os problemas sociais, económicos, etc.  Abordagem ecológico-sistémica.

 Trabalho de projecto:

É um método de trabalho que requer a participação de cada membro do grupo, segundo as suas capacidades, com o objectivo de realizar um trabalho conjunto, decidido, planificado e organizado de comum acordo. Thinés, G. Lempereur

Que características estão implícitas nesta metodologia de trabalho??? 

 Trabalhar em projecto representa um desejo efectivo de

produção de mudança.  Pelo TP adquire-se a capacidade de lidar com o imprevisto.  Pressupõe o desenvolvimento de competências de

comunicação.  Pressupõe o desenvolvimento da análise crítica das realidades.

 Trabalhar em projecto exige: planificação, antecipação e

respostas a interrogações.

 Exige uma planificação flexível; aberta e capaz de lidar

com o imprevisto.  (destacar o segundo parágrafo da página 38 do documento

em análise)  Trabalhar em projecto é caminhar, ao mesmo

tempo, no sentir colectivo das orientações educativas, decididas em parceria, e na singularidade dos projectos curriculares!

5. “Como desenvolver um projecto?”  Não há receitas em educação!  Nenhuma solução é válida para todas as situações!  Assim, quando estamos face a um problema é preciso estudá-lo,

compreendê-lo e encontrar uma SUGESTÃO adequada para o enfrentar! Análise crítica da realidade!

 Analisar: p. 43 – Planificação e calendarização das fases de um

projecto.

Planificação e calendarização das fases de desenvolvimento de um Projecto

1º - Discussão com toda a turma sobre os possíveis projectos a desenvolver. - Apelar aos interesses dos alunos. - Tomada de decisão. - Divulgar o Projecto juntos dos professores da turma e dos pais.

2º - Escolher o título do Projecto e elencar o que se tenciona fazer, ex.: o que tenciona produzir; como organizar o trabalho; que dados são necessários recolher, etc..

3º - Iniciar o trabalho de pesquisa. - Reformular o Projecto e a lista de intenções a realizar.







- Continuar o trabalho de pesquisa. Reformular o Projecto.

- Continuar o trabalho de pesquisa. Reformular o Projecto. Tem em conta a data de apresentação do Projecto.

- Continuar o trabalho de pesquisa. - Produzir o primeiro rascunho.

Pesquisa documental + Análise crítica dos dados + Interpretação da realidade

7º - Produzir um segundo rascunho. - Produzir o relatório final.

8º - Alertar para os cuidados a ter com a apresentação oral do Projecto. - Fazer a apresentação final do Projecto.

9º - Apresentar o Projecto em reunião alargada. - Escrever um artigo para o jornal da escola. - Escrever um artigo para um jornal.

6. “Não irá o projecto prejudicar a aquisição de conteúdos?”  A área de projecto permite, não só a aquisição de conteúdos, bem

como o desenvolvimento de muitas outras competências.  Para além de poder contribuir para melhorar as condições de

aprendizagens curriculares, pode ser uma outra forma de valorizar curricularmente a cultura do quotidiano dos alunos, dos seus saberes, dos seus contextos e dos seus problemas sociais.  Uma preocupação latente com a crise social importada.

 A área de projecto permite a aprendizagem de saberes

integrados e problematizados que tornam possível a aprendizagem significativa.

 Assim sendo, relembramos as finalidades da AP…

Que finalidades?  desenvolver competências sociais, tais como a comunicação , o

trabalho em equipa, a gestão de conflitos, a tomada de decisões e a avaliação de processos;

 aprender a resolver problemas, partindo das situações e dos

recursos existentes;

 promover a integração de saberes;  desenvolver as vertentes de pesquisa e intervenção;  aprofundar o significado social das aprendizagens disciplinares.

8. “Eu creio, firmemente, que decidir que um projecto tem de ser avaliado é ‘matá-lo’.”  A avaliação tem de estar sempre presente quando se

desenvolve qualquer actividade, sobretudo se implica fazer opções significativas e delicadas.  Avaliar é “dar-se conta de”.  Avaliar é descobrir se se pode prosseguir ou se é

necessário recomeçar!!!!

View more...

Comments

Copyright © 2017 HUGEPDF Inc.