Nove minutos valem uma vida

July 1, 2018 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Opinião

16 ANOS gazetanortemineira.com.br

Nove minutos valem uma vida Os dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados neste mês pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, traduzem a triste realidade em que o paí�s se afunda quando falamos de violência. A cada nove minutos uma pessoa foi morta de forma violenta em 2015, o que inclui ví�timas de homicí�dios dolosos, de latrocí�nios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais. Um total de 54.492. Poderí�amos comemorar a redução de 2% em relação a 2014, quando este número foi de 59.703. Se alegrar com as 1.238 vidas salvas no ano passado seria uma visão mí�ope dos fatos, já que nos últimos quatro anos o Brasil matou 23.468 a mais que a Sí�ria, que está em Guerra Civil durante todo este mesmo perí�odo. É� um abismo entre o discurso de paí�s em desenvolvimento e a prática. O pior é que mais uma vez vemos a falta de polí�ticas públicas de longo prazo, como investimento em estrutura para as polí�cias, leis mais duras e efetivas, reestruturação do sistema carcerário e a principal delas: investimento

em educação. O mesmo estudo aponta um investimento 76,3 bilhões em Segurança Pública, com um aumento de 62% de 2002 até 2015. Se o dinheiro foi investido, o problema está na forma em que isso se decorreu. Não adianta ter a verba e não saber usá-la da forma adequada. Sempre é falado em aumento de efetivo, mas não em treiná-lo, em prepará -lo. Em 2015, 3.345 pessoas foram ví�timas de ações das polí�cias, uma taxa de letalidade maior do que Honduras. A culpa é mesmo do policial, se na contramão, 393 policiais morreram, sendo 103 em serviço e 290 fora? Não, sem treinamento, sem remuneração, sem acompanhamento psicológico, entre matar ou morrer, o extinto de sobrevivência sempre falará mais alto. A justiça continua lenta e morosa. No ano passado, 584.361 pessoas foram encarceradas, 36% em situação provisória, ou seja, 212.178 não foram julgados. Aguardam e lotam cada vez mais as penitenciárias, que também não oferecem nenhuma possibilidade de ressocialização, salvo algumas iniciativas es-

Devaneio – PARTE II

MARCO ANTÔNIO BARBOSA Especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil

porádicas. Também não se leva em conta outro aspecto, como 50% dos alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental estão em escolas localizadas em áreas de risco de violência e que 14,5% dos estudantes brasileiros já afirmaram ter perdido aula por medo da violência. Não damos educação de ní�vel e nem segurança para frequentar as escolas. Como imaginamos acabar com a criminalidade, quando a única oportunidade de uma parcela significativa da população é a própria? Os números mostram uma melhora, mas não apontam para um planejamento embasado e sustentável. Ações pontuais e desorganizadas não resolvem. Uma redução de mortes na casa de 2% pode ser apenas uma sorte do destino. Um assalto que não acabou em morte, ou uma briga de trânsito onde um dos envolvidos pensou um pouco mais antes de puxar o gatilho. Somente uma gama de ações nos pontos listados acima (polí�cia, inteligência, legislação, justiça, estrutura e educação) podem realmente começar a derrubar de forma substancial estes

Escritora

“os galhos da árvore que fica perto da janela do meu quarto se movimentavam ao ritmo do vento...”

nha existência. De sorriso largo, e boca desenhada tinha um olhar sedutor, sobrancelhas e unhas bem feitas, aparentemente uns vinte e cinco anos, não muito velho e não tão novo, tinha seu próprio estilo e caia muito bem nele, nada estava fora do lugar, era perfeito de mais. Se fosse mesmo um ladrão, confesso que não me importaria tanto assim de ter sido sua ví�tima, pois ele já teria aplicado um golpe no momento que o vi, o mais clássico e o mais sórdido, havia roubado meu coração. Já calmo o desconhecido se apresenta e me diz com um sutil sorriso no rosto e olhar firme o seu nome, “Me chamo Bernardo”. Pergunto o que o teria feito bater em minha janela, ainda mais àquela hora, e a resposta é que estava sendo perseguido por algum tipo de arruaceiros que teriam tentado roubá-lo. Os minutos se passaram e se transformaram em uma hora de conversa a que estava bastante interessante e deliciosa de se ter com alguém, alguém que eu acabara de conhecer e teria tantos gostos em comum, mas mesmo conversando por tanto tempo as únicas coisas que eu sabia sobre ele era que se chamava Bernardo, estava no meu quarto por motivos de

números alarmantes e que reflitam na confiança do cidadão no Estado. O governo tem dinheiro e investe em segurança, mesmo com toda a crise em que vivemos, mas não demonstra, como em muitos outros setores, ter a capacidade de administrar e gerir da forma adequada e que seja realmente efetiva, sem ser apenas para remediar a situação. Mas não podemos deixar de lado a responsabilidade que da cada um de nós cidadãos temos em relação a este cenário. Votar da forma correta, cobrar para que os que forem eleitos cumpram o prometido e participar ativamente de melhorias nas cidades ou comunidades em que vivemos são papeis importantes e que devem ser empenhados por todos. Criticar, sem ajudar nas soluções não servirá de nada. Quantas pessoas morreram no paí�s enquanto você leu este texto? Quantos ‘nove minutos’ esperaremos para assumir nossos papeis, tanto poder público, quanto população? Somente uma parceria público-privada poderá trazer dados mais animadores para o nosso futuro.

MILENA NASCIMENTO SANTOS

INTERNET

Estava apenas eu e meu cachorro em casa numa noite fria e não muito tarde. No dia anterior, eu havia completado meus vinte e cinco anos de idade, os galhos da árvore que fica perto da janela do meu quarto se movimentavam ao ritmo do vento, eu apenas escutava a sinfonia das folhas e do vento que assovia. A janela estava fechada quando, de repente, escuto alguém bater nela. Como é de se esperar, o medo nessas horas se torna um cúmplice quase inseparável, talvez não o mais agradável, mas quando algo assim acontece é ele que está comigo. Tentei resistir a aquela perturbação, no entanto ser curiosa é uma peculiaridade minha e não aguentei, abri a janela e me deparei com um rapaz que desesperado suplicava a minha ajuda. Eu mais confusa que meu cachorro Lupe, que assustado correu para debaixo da cama, não reagi apenas o deixei entrar, acho que deve ser por estar hipnotizada por aqueles olhos azuis acinzentados que, diferente da lua, tinham um brilho próprio. Questionei-me se havia feito o certo, ajudado alguém que precisava de mim ou se este era um ladrão que efetivaria um de seus planos ardilosos, afinal eu não o conhecia nunca havia o visto em toda a mi-

Montes Claros, terça e quarta-feira, 15 e 16.11.2016 GAZETA NORTE MINEIRA

segurança e que ele se parecia muito com alguém que eu conhecia, tí�nhamos tantos gostos e paixões em comum e ele ainda era tão bonito que até parecia que não era real. Me vi em alguns momentos pensando em porque eu não o conheci antes, mas o que realmente importava é que ele estava ali. Eu tinha ali a melhor das companhias, e eu nem precisei sair de casa, pois ele veio até mim. E um sentimento foi crescendo cada vez mais dentro de mim, por aquele que eu tinha acabado de conhecer, algo fora do comum talvez até da realidade, mas quem se importa, o fato é que eu estava apaixonada por ele. Após dez anos da morte de meus pais, esta foi a primeira vez que não me sentia tão só. Tudo que eu mais queria era que o tempo se passasse lentamente. Mas é impressionante como os momentos bons passam rápidos. Depois dos assuntos acabarem, um silêncio intimidante caiu naquele quarto e só o que eu ouvia era o vento assoviar lá fora, já estava bem tarde, o relógio no criado mudo marcava 00h35, mal percebemos o tempo passar, ele então, de um jeito educado e agradecido se despediu saltando a janela, olhou para mim, sorriu e disse “até meni-

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na da janela, te encontro nos sonhos”, e dito isso, sumiu na sombra daquela árvore. Deitei-me, mas não dormi e assim permaneci com meu travesseiro e meus pensamentos viajando em um mundo distante, ou melhor, em alguém. E fiz o que ele me dissera, sonhei a noite toda com ele. De repente acordo com o despertador, já era 7h30 e a primeira coisa que vem na minha cabeça era ele, e assim correu meu dia, tantas coisas para que eu me preocupasse, mas não, aquele dia e o resto da semana meus pensamentos foram só dele, não vou negar que esperava que ele voltasse, mas desta vez quem sabe ele surgiria não pela janela, mas pela porta. Semanas, meses e anos se passaram e cá estou eu, lembrando-me de tudo outra vez, e ainda por menor que sejam, tenho esperanças de reencontrá-lo e quem sabe seja hoje o sonhado dia. Há aqueles para quem contei esta história, que dizem que estou maluca e que tudo não passou de um sonho, um devaneio. A solidão nos faz vez ou outra, conversarmos com ela nós fazendo passar de loucos por parecer que estamos conversando sozinhos. Na época contei esta história para a minha prima e ela disse-me que por viver tão só misturei a fantasia com a realidade, mas eu acredito e continuo acreditando que Bernardo exista e quem sabe está é minha chance de provar, quem sabe este é o sonhado dia, o reencontro que tanto espero. Alguém ainda continua a bater em minha janela, será que é um ladrão ou quem sabe seja mesmo Bernardo? Agora tomo uma súbita coragem com um punhado de curiosidade e vou abri. Mas me deparo com o inesperado o imprevisto, nem o ladrão e muito menos Bernardo, apenas o galho da árvore que açoita a janela do quarto. DIRETOR Rafael Lopes Pereira EDITORA Selma Gonçalves

COLABORADOR Valdemar Soares

DIAGRAMADORA Maria Thereza Albuquerque Costa REVISOR Vinícios Santos Ferreira

Vice-presidente critica saúde e educação da atual administração

ASCOM/C� MERA

Vereador Professor André Ricardo (PPS)

O vereador e educador, Professor André Ricardo (PPS) (foto), disse que no momento em Ruy Muniz ganhou as eleições municipais, houve certo alivio por parte dos educadores e dos profissionais da saúde, pois ele sendo professor e médico, além de ser um bem sucedido empresário do setor de saúde. A cidade seria bem administrada nessas áreas. Mas isso, na prática, não ocorreu e aconteceu o inverso do que todos esperavam. Segundo o parlamentar, a cidade teve os seus piores momentos na educação e saúde, sem investimentos e sem valorização da classe e o prefeito em exercí�cio, Zé Vicente (PMDB), pouco pôde fazer para melhorar a situação, o que só será feito com o prefeito eleito, Humberto Souto (PPS) que prometeu gerenciar sem querer inventar ou mesmo perseguir quem ele não gostar. Melhor fase é entre a eleição e a posse

O vice-governador Antônio Andrade (PMDB), falou para os prefeitos que estiveram em Belo Horizonte participando do VI Congresso Mineiro de Municí�pios, que a melhor fase após a confirmação do resultado das urnas é agora, depois, vem os problemas. “Aproveitem bem que a melhor fase é essa, entre a eleição e a posse. Logo depois da posse começam os problemas. A felicidade dura até a posse”, diz Andrade. Ministro do Turismo vê com bons olhos abertura de jogos de azar no Brasil

A torcida por baixo do pano verde é grande. Um dia depois do projeto de lei que legaliza os jogos de azar no Brasil ser aprovada pela Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional, o ministro do Turismo, Marx Beltrão, defendeu para investidores de Londres a abertura dos jogos no paí�s. “O Ministério do Turismo vê com muito bons olhos a legalização de cassinos, como já existem em vários lugares do mundo”, disse o ministro durante o seminário Latin American Investment Forum 2016 (Laif), nessa quinta-feira, na Embaixada do Brasil em Londres. De autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o projeto estabelece o rol de jogos que poderão ser explorados em território nacional. Entre eles estão os cassinos, bingos, apostas de quotas fixas, apostas eletrônicas, jogo do bicho e sweepstake, espécie de loteria relacionada com corrida de cavalos. Senado tenta barrar investigação da PF desde 2015

Em maio de 2015, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entrou com mandado de segurança na Justiça Federal para tentar impedir a Polí�cia Federal de investigar o Senado e limitar investigação de casos criminais à “polí�cia” Legislativa. A Justiça rejeitou e o Senado recorreu ao TRF da 1ª Região. Perdeu mais uma vez e foi obrigado a compartilhar todas as informações solicitadas pela Polí�cia Federal. A confusão teve iní�cio em novembro de 2014, após a PF pedir cópia da í�ntegra da licitação milionária do circuito fechado de televisão, de 2011. A empresa vencedora do processo foi á goiana Multidata, que depois ainda seria contratada para planejar, instalar e manter o sistema CCJ recomenda que não se autorize processo contra governador

Em reunião realizada, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou parecer que não autoriza processo judicial contra o governador Fernando Pimentel. O pedido de autorização veio do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio de ofí�cio que trata da admissão da acusação contra o governador Fernando Pimentel em ação penal naquela corte. A aprovação do parecer, de autoria do deputado Rogério Correia (PT), aconteceu após cinco horas e meia de debates entre parlamentares da oposição e da bancada governista. Foram rejeitados requerimentos da oposição para votação nominal, retirada do ofí�cio da pauta e adiamento de votação. A cada requerimento votado, a oposição se valeu das regras regimentais para se pronunciar, prolongando a reunião. Partidos faturam 615 milhões do dinheiro público

Enquanto o governo Michel Temer considera prioridade absoluta limitar os gastos públicos, os partidos polí�ticos aproveitam a herança maldita do governo gastão da ex-presidente Dilma. De janeiro a outubro, os 35 partidos dividiram o butim de R$ 615 milhões, por meio do Fundo Partidário. O valor chegará a R$ 900 milhões até o fim do ano. Punido nas urnas, este ano, o PT foi o que mais faturou: R$ 81,73 milhões. O PSDB rivaliza com o PMDB na partilha do Fundo partidário: R$67,36 milhões para os tucanos, R$65,67 milhões para os peemedebistas. Como os polí�ticos acham pouco, vão fazer o fundo partidário bater do bolso dos cidadãos cerca de R$1,5 bilhão em 2017, ano sem eleições.

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